terça-feira, 20 de novembro de 2012

Pensando, escrevendo em vez de trabalhar...

Já é tarde. Sem sono. Ainda no computador. Ainda pesquisando, estudando.Respondendo. Enviando.
Paro.
Olho para fora.
Daqui de onde estou, vejo primeiro minhas plantas sendo balançadas pelo vento. E que vento !
Adoro-as. Me fazem bem sempre. Me acalmam. Me deixam ver como sou. Sem nenhuma camada a não ser eu mesma. Descalça. Molhada. Mãos na terra. Minha infância em Miguel Pereira. A parte melhor dela. Meu canteirinho de dálias rodeado de tijolos quebrados e pedras colhidas aqui e ali. Há tanto tempo não vejo dálias.
As plantas agem em mim como Filippo e Maria Laura, meus netinhos amados. Quando estamos juntos, sinto-me livre de tudo que me mascara. Sou eu mesma. Eles merecem toda a ternura do mundo.
Não posso abrir o vidro da porta. Infelizmente. Adoraria dormir com as minhas plantinhas.
Se abrir, os morcegos vêm. Não gosto deles.
Através das minhas plantas, vejo minha universidade. Adoro-a também. Minha segunda casa. ( Angela, você já falou isso umas mil vezes !!??)
PUC-Rio. Vejo o estacionamento molhado pela chuva, os prédios Kennedy, Frings e Leme. Observo os pilotis. Vazios. Silentes. É feriado. Um longo feriado. Sou contra em princípio. Atrasa as matérias a ensinar. Encurta o tempo com os alunos. Entretanto sei que os jovens precisam e devem se divertir. Quando voltarem, depois de amanhã, começam quase todas as provas G2.
Observo daqui o símbolo da PUC-Rio iluminado: lindo toda vida.
O que mais me toca é o lema: ALIS GRAVE NIL ou seja, nada é pesado quando se tem asas. Sempre temos de nos lembrar disso, mesmo que às vezes pareça difícil. Asas são a nossa imaginação, a companhia de pessoas queridas que só nos fazem bem, rezar, meditar, fazer algo que beneficie alguém, estudar, uma boa leitura, um bom filme, uma comida gostosa e bem feita, uma linda viagem , tudo isso são as asas que nos fazem suportar momentos complicados, pesados, dolorosos.
Gosto de estar lá na Universidade, de andar pelos corredores, de encontrar alunos, ex e atuais, colegas, funcionários, de estar nos pilotis, ah, como gosto ! Passei dos 21 aos 24 anos andando por eles. Me apraz sentar em seus bancos e olhar a vida universitária passar tomando um Mocaccino.
Gosto de ser professora.
Quase 45 anos em março que vem.
Agora, volta a chover..
E eu aqui , parada, olhando, perdida nos pensamentos que chegam aos trambulhões.
Vêm-me à lembrança os aborrecimentos que tive este semestre.
Que ainda doem.
Bem fundo.
A vergonha que senti na presença do meu diretor por causa de fofocas...., seguida de uma imensa revolta misturada com decepção com relação a algumas pessoas que de agora em diante não considero mais colegas. Colega significa professora. E professora não faz fofoca, não inventa, não constrange. Portanto, perdi estas pessoas este semestre.
Volto ao computador.Preciso entender melhor este texto. E meu olhar, distraído e dispersivo, me leva à foto do Obama abraçando carinhosamente Michelle, esta sortuda. Um abraço cúmplice,apaixonado, amigo.
Embaixo da foto recortada da "Folha de São Paulo", pregada na boca de uma linda girafinha verde, um porta-recados, que ganhei de um querido aluno, está a lista das 356712987 coisas que me fasltam fazer e eu aqui pensando na vida..;.
Ah, Angela Filomena, precisa centrar mais, focar. Se não, o trabalho não rende.
Em sala de aula é a mesma coisa. Vontade que dá de conversar com os alunos que já viraram meus amigos, de lhes contar causos já vividos e escutá-los.
Mas não posso. Sei que não posso.
A chuva diminuiu.
Preciso ir dormir. Muito cansada.
Vou rezar. Vou pedir a Deus que me ponha no seu colo. Ou no de Jesus. Ou no de Maria.
Já imaginaram que bom seria.
Preciso deste aconchego.Preciso deste amor, desta atenção.
E ouvi-Los me perguntar:
- Você está bem, minha filha ?
- O que está sentindo ?
- O que você você quer ? Do que precisa ?
Sei que não conseguiria Lhes responder pois já estaria chorando.
Não precisaria mesmo responder porque Eles sabem.

Um comentário:

  1. Oi professora,
    adorei seu texto. Também estou aqui a viajar sentada na frente do computador, ao invés de trabalhar e estudar.
    Um beijão,
    te adoro!
    Fernanda Lins.

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