domingo, 23 de junho de 2013

Carta aberta aos meus amigos do CAp

Obrigada, queridos colegas de 1962 a 1965, amigos eternos.
Foi um prazer egoísta também o meu. Se os procurei e, graças a Deus, os achei ( ou ao menos, quase todos, há os que não querem ser achados)foi para MEU prazer.
Foi um resgate, queridos.
Minha adolescência, como dizem meus alunos, “foi um ó”. E, quando ao ler a coluna do Joaquim F. dos Santos, no caderno B do Globo, ele incitou seus leitores a escreverem sobre o “colégio da vida”...não tive dúvidas: foi o CAp !
O resto já lhes contei. Escrevi mais que uma lauda e o Joaquim queria um textinho de 3 linhas !!?? Como contar tudo o que vivi/vivemos em 3 linhas ?
Não fui feliz lá.
Não era feliz em lugar nenhum.
Entretanto o CAp me mostrou a saída, a MINHA saída daquele mundo do qual não gostava de quase nada. Dos 12 aos 15 anos, o CAp me ensinou que, já que não tinha meios, já que não tinha liberdade de escolha em casa, já que não sabia o que era ser jovem, a saída era o estudo, a arte. Nela me recolhi. Ela me acolheu e me acolhe.
Cresci, me formei, me casei com uma pessoa boa mas que não escolhi, o fizeram por mim, (achavam que, lógico, eu não sabia fazê-lo, ora essa, cale a boca e obedeça), tive meus dois filhos, (adorei, adoro e adorarei ser mãe sempre e sempre, e vó então, não se define), me separei e voltei a morar com minha mãe já viúva. Foi muitíssimo difícil a convivência. Davvero...Mas, felizmente, tinha os meninos. Precisava trabalhar loucamente para dar conta de tudo. E sempre ele o estudo, a pesquisa, a arte, a leitura, a arte ali, do meu lado, me mostrando que existe, sim, tantas coisas lindas e preciosas a conhecer. E eu que conheço tão pouco de tudo.
O CAp desenvolveu em mim este amor, esta certeza de que a arte é terapêutica.
Tivemos professores bem sérios. E muito bons.
É só prestar atenção em vocês quando conversam. E nas esposas que os acompanham. Nestes nossos encontros que me fazem tão bem fico ouvindo , ouvindo, e, aprendendo. Continuo aprendendo. Nascemos para isso.
VOCÊS TODOS SÃO EXCELENTES, vocês são mesmo CAPIANOS. Inclusive as cônjuges.
Não me acho uma capiana genuína, não, queridos, pois tive muita dificuldade sempre. Em francês e em matemática, meu Deus !!
Custava a compreender o que os mestres explicavam. Tanto esforço. Nem imaginam. Valeu a pena. E se.
Fico pensando na surpresa que D. Balina deve ter tido quando soube que eu tinha me tornado professora de uma das disciplinas em que era mais fraca. Coisas do coração. Le cœur a ses raisons que la raison ne connaît point. », como dizia Blaise Pascal. Apaixonei-me pela língua e com ela criei dois filhos e com ela sobrevivo e com ela encontro grandes prazeres. E História, então ? Como gostava de caprichar no caderno que ilustrava para D. Ella ver. Lembro-me de pesquisar em um livro na Biblioteca do Colégio em espanhol. Em espanhol ! Pensem bem, em qual outro colégio isto aconteceria ?
E os passeios que fazíamos com o Prof. Maurício ? Para mim, eram simplesmente li-ber-da-de !
Pois foi lá, no CAp que nossos professores acenderam a minha lâmpada, ou melhor, “limparam a fuligem” da minha lâmpada e de vez em quando a luz passa.

Beijos com muito amor por vocês todos.

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