terça-feira, 15 de outubro de 2013

TERRAFERMA : A lei do mar



Na ilha italiana de Linosa , na costa da Tunísia e sul da Sicília, a pesca tradicional tornou-se inútil e deu lugar ao turismo. Durante um verão, onde ilhéus e turistas se misturam, a ilha é abordada por grupos inteiros de imigrantes ilegais da África. Famílias de pescadores, sofrendo as consequências das dificuldades na economia pesqueira, tentam, não sem dificuldade, conviver com os recém-chegados. Jovens e velhos, pais e filhos, discutem a atitude a tomar com relação à situação dos refugiados. Segue-se a lei do mar.
Há anos, observamos as imagens desses grandes barcos que atracam nas costas italianas , lemos as histórias de sobreviventes, dos que não se afogaram. O tema do exílio nos vem à cabeça.
É um filme forte , humanista, sobre a imigração ilegal.
Nesta pequena ilha ao largo da Sicília , Filippo ( coincidentemente, é o nome do meu netinho mais velho...) , 20 anos, leva uma vida simples ao lado de sua mãe,viúva,  Giulietta , e seu avô , Ernesto . Nesta família, se é um pescador de pai para filho. Não ganham o suficiente para viver e Giulietta aspira a uma vida melhor fora da ilha , no " mundo moderno", na terra firme, no continente. Um dia, Filippo e seu avô , indo pescar no mar, viram  ao longe um barco improvisado no qual estavam empilhados dezenas de imigrantes provenientes da África . Ele alertou as autoridades, mas obedeceu à "lei do mar", e não à das autoridades, resgatou homens, um menino e sua mãe grávida. A família é, então, confrontada a  uma realidade que a transcende. A chegada de migrantes mudará tranquilidade da ilha. A família está dividida.
Crialese, o diretor, levanta questões sem dar respostas e destaca a complexidade da situação . Os diálogos são curtos e poderosos, como na cena em que Ernesto , acusado de favorecer a imigração ilegal responde a um policial :
"Eu fui ensinado a nunca deixar um homem ao mar.
- As leis mudaram, o agente respondeu .
- Eu não sei as leis.
- Você vai ter que fazer isso. "
" Terraferma " ( em português, terra firme, continente) não é sobre política, mas sobre os homens, o exílio,a esperança e a desilusão. Juntamente com o tratamento sóbrio destas questões, ganhamos de presente a beleza do cenário. Que fotografia belíssima !!

http://www.allocine.fr/video/player_gen_cmedia=19281878&cfilm=192769.html

Três mundos coexistem: os turistas despreocupados e alienados ( ai, que raiva de gente assim, finge que não vê só porque está de férias !!?? Ora, francamente, a vida não espera, a fome não espera !! Pensando bem, não é só turista que finge que não vê ), os imigrantes ilegais e os habitantes da ilha, cujos pescadores estão lutando para sobreviver. Dos três, provavelmente o quadro de vida dos habitantes da ilha é o mais bem sucedido. Infelizmente, a Itália, terra dos meus pais, avós, ... não foi poupada pelo aumento da xenofobia. Apesar de algumas falhas, entre elas a não-reação dos ilhéus, o fato de Giulietta não ficar com a nenê tão fofinha, que fatalmente traria problemas para Sara e seu filho, esse filme nos ajuda a entender que não pode haver uma solução abrangente para os países pobres proporcionarem  uma vida digna para os seus cidadãos, não mostra como resolver este problema tão doloroso.
O ator Filippo Pucillo está muito preocupado com a migração em massa que leva alguns a chegar às praias de Lampedusa, na esperança de uma vida melhor. Ele conta em uma entrevista que conheceu pessoas que vieram do mar e se tornou amigo delas. Depois, eles partiram e ele nunca mais os viu de novo.
Em Terraferma, todos os papéis são interpretados por atores. Todos ? Não exatamente. Na verdade, o personagem de Sara é representado por uma das sobreviventes de Lampedusa, com quem o diretor queria trabalhar. Hoje, ela está na Holanda, casada e esperando seu primeiro filho. Através dessa história, Crialese quis prestar homenagem à vontade de uma mulher que finalmente realizou seu sonho.

http://www.terrafermailfilm.it/

Conforme explicou o diretor Emanuele Crialese, Terraferma não só conta a história de alguns imigrantes, mas tem muito mais de geral e de universal. Em suas próprias palavras, o filme é "uma história suspensa entre o mito e a realidade, contada na linguagem leve e potente de fábulas. Este não é um filme sobre a imigração, mas sobre nós mesmos.
É um filme emocionante, onde todos os protagonistas seguem seu ideal de vida e vemos entristecidos e angustiados o quotidiano dos clandestinos e as duras condições de sobrevivência. A luta por esta última, é tão difícil lá como aqui.
É só tirar o barco improvisado e substituir por um barraco caindo aos pedaços, com falta de esgotos, ruas enlameadas, crianças sem saúde e atenção.
A falta de dignidade é a mesma.
Entretanto, o que nos REVOLTA é saber que lá é mais difícil pois a nacionalidade é outra.
E aqui, somos TODOS brasileiros, e de que adianta ?
Beijos, muitos, em cada um de vocês.
Agradeço a Deus o dia de hoje.
É bom demais ser professor de vocês.

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